terça-feira, 18 de maio de 2010

Intimidade fail


Começa aos poucos. No namoro, um belo dia você vai ao banheiro e deixa a porta aberta. Em seguida, está usando fio dental na frente dele. Facilmente, seu namorado já faz xixi na sua frente e um belo dia escapa um arroto à mesa.

O tempo vai passando. Começam a morar juntos, ou casam, sei lá. Tudo é feito junto. Ou um na frente do outro. Os dois juntos no banheiro. E não estou falando de tomar banho juntos, que é outra história. Comem juntos às vezes, porque nem sempre dá tempo, mas os modos à mesa já estão deixando a desejar. Eu, que morei anos sozinha, sei que quando estamos bem à vontade e sós, comemos de qualquer jeito. Aí, quando temos intimidade com a outra pessoa, passamos a agir como se estivéssemos sozinhos.

Os anos continuam passando. Você já tem intimidade até com a família dele. Um dia, discute com ele por alguma bobagem na frente da mãe dele. Depois, é a família dele que discute dentro da sua casa. Afinal, todos já são uma só família...

Acho que é nesse momento que a intimidade passa a ser excessiva. É bacana você ter liberdade perto de quem você ama, poder falar de certas intimidades suas, poder pedir socorro financeiro quando precisa, desabafar... mas ir ao banheiro de porta aberta, discutir na frente dos outros, ser tratada como membro da família no sentido ruim da coisa... acho que aí você passa a ser mais irmã do que mulher, e às vezes age também como mãe do seu homem.

Mulher, na maioria das vezes, gosta de comandar a casa. Deixar do jeitinho que ela gosta. E homem, quando não chegou a morar sozinho, acha isso bem bom. Natural, até. Afinal, sua mãe fazia isso e seu pai nem ligava... Mas quando nos damos conta, estamos mandando ele guardar seus tênis! Como uma mãe faz! E tem mulher que até fala "Meu marido me ajuda em casa" - como se a obrigação fosse dela, e não dos dois. A gente ajuda o outro quando a obrigação é do outro, e não quando é dos dois. Num casamento e dentro de uma casa, os dois tem a mesma obrigação. Cada um tem que fazer a sua parte, e não falar que está ajudando.

Isso bagunça uma relação. Porque você não sente por ele o que sente por um filho, nem ele sente por você o que sente pela mãe. Você cobra coisas sem sentir. Como evitar isso? Ou como corrigir isso?

Penso que se olharmos para o outro sempre como nas primeiras vezes, com curiosidade e com respeito, a intimidade nunca vai ser demais. Você se arrumava para sair com ele, e ele para sair com você. Por que agora aquele desleixo dentro de casa? Toma banho e coloca aquela roupa velhinha... Isso pode até ser charmoso no começo, mas depois de um tempo tira todo o tesão.

Você cuidava o que falava na frente de seus parentes. Continue mantendo uma distância considerável. Como dizia uma amiga, parente é bom... a 500 km de distância! Cada família tem seu jeito de cuidar de seus problemas, não misture as estações.

Ou seja: um pouco de distância e privacidade é tudo. A gente tem as amigas pra cortar as unhas na frente. A gente tem parentes para discutir e fazer as pazes. Casamento tem que ter respeito e acima de tudo, cuidado. Cuidado um com o outro. E um certo distanciamento às vezes, para ver se o outro está mudando, como aliás a gente também muda, e tudo na vida está sempre mudando.

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